(desculpem-me a ausência - aquela que nem notei, confesso. O tempo parece voar e eu fico retida nele, onde quer que ele me deixe. Deixou-me bem longe daqui, e pelos vistos, bem longe de mim também. É com algum desapego que venho aqui hoje, sinto-me estranha neste espaço, neste ou em qualquer outro, mas quero adaptar-me de novo.
Não me julguem, não me culpem, apenas leiam e sintam-se abraços pelo carinho - aquele que tem tanta vontade de voltar)
E toda eu também tenho vontade de voltar...de me revestir das minhas origens. Aquelas que me são tão queridas e que me vestem como ninguém. As que me deitam à noite e acordam de manhã, sempre com um beijo adocicado de quem diz tudo, sem dizer absolutamente nada. Privaram-me disso, privaram-me de mim própria, e agora não sei mais onde me encontrar.
Este labirinto não se fez sozinho, o destino por si só não se faz tão complexo, não traça caminhos tão longos e muito menos se priva de não desenhar qualquer saída. Há sempre uma, certo? Podemos errar de várias formas, podemos ser inconvenientes, podemos ser a intolerância em pessoa e a pressa de ambicionar sempre mais, podemos até ser engolidos pelo nossa própria inocência, mas há sempre uma luz, certo? Se há para quem pratica porque não há para quem é vitima de todas estas práticas? Não... este labirinto não foi concebido pelo destino, foi concebido por outra identidade, que nela não exerce nada de transcendente, que nela tem tudo de concreto, formas bem definidas e capacidades idênticas às de quem agora caminha, em desespero . Foram pessoas, pessoas como vocês, pessoas como eu. Duas identidades, uma diferente da outra, mas que noutros caminhos, talvez em outros labirintos, já colidiram. Uma delas, com o rancor na consciência, a saudade no coração e a esperança no sorriso, sorriso esse que também se sabe transformar, que sabe enganar e que sabe encobrir a maldade nele patente. Foi essa que desenhou todo este labirinto, nestes tons de carvão que, sem eu querer, engolem todo o meu orgulho e me tornam descrente da minha possível escapatória. A outra? Bem, a outra foi conduzida, levada pela ambição da criadora de tudo isto, foi vitima da sua própria inocência e não soube abrir os seus grandes olhos. Alma desatenta que, sem se aperceber, vincou todos estes trajectos indefiníveis que agora percorro. Acabou por responder na perfeição à pessoa com quem fez parceria.
Agora queres tirar-me daqui? Podes tentar, mas sabes...acho que já não se trata de um labirinto, mas sim de um campo de batalha. E eu? eu não sei se tenho armas suficientes.
Querida Raquel! Tenho sentido a tua ausência, aquela que também me é tão familiar, e que sem me aperceber nos tem mantido um pouco a todos fora do nosso elemento: este.
ResponderEliminarMais uma vez, tenho de admitir que fico rendida à tua escrita! Fico maravilhada com a forma como és capaz de fazer brilhar a mais simples frase, tornando unico algo tão "simples" a pura complexidade desse labirinto que retratas. Parabéns, está fantástico!
À cerca desse labirinto de que falas, se de facto te encontras perdida nele não te esqueças que se lá entraste, de alguma forma também sairás, sozinha ou não.
Fico ansiosamente à espera do próximo! (E tentarei da próxima vez, não cometer o mesmo erro;).) Beijinhos