Acerca de mim

13 junho, 2011

Cortaram-me as asas



Alguns dizem que o bom é viver dos sonhos, moldar a nossa vida como queremos, desfrutar dessa farsa até ao limite e alimentar a consciência com criações que roçam a realidade mas que a ausência de coragem faz com que essas fiquem retidas na nossa mente, no imaginário... Dizem ser bom viver do que não existe, do que não tem cheiro nem textura e viver de pensamentos sujeitos a um faz-de-conta.

A ilusão é enganosa e faz a realidade tropeçar nas suas manhas, perder o equilíbrio, duvidar da sua credibilidade e estatelar-se ao comprido no esquecimento. As pessoas optam por fingir, representar e sobretudo ocultar os factos que são difíceis de ouvir, duros de saber e desesperantes de sentir, contudo, como já alguém dizia : "quanto mais alto se soube, maior é a queda". Hoje admito que quem o disse está carregado de razão pois quanto mais se foge da realidade mais ela corre atrás de nós e mais doloroso é o choque entre a nossa ilusão e a verdade.

No passar do tempo em que o meu corpo se sujeitou à gravidade, a cada segundo em que este estava mais próximo de tocar a realidade e a cada instante em que a minha queda se tornava mais perto de acabar, apercebi-me disso. Não vale a pena fugir para um mundo fictício quando o mundo real está à distancia de uma visita à nossa consciência, de um abrir de olhos e de um despertar de um sonho. E apesar de me aperceber disso a meio da viagem, a queda foi dura, o embate foi brutal e doeu muito.

Não é fácil aceitar o que nos faz mal, é difícil encarar aquilo de que temos medo, e sobretudo, é doloroso ver o nosso mundo a escorrer-nos por entre os dedos e saber que não o podemos reaver, pois apesar da minha felicidade ter sido falsa (perante apenas algumas coisas), eu era feliz à minha maneira.

Felizmente, recuperei desse meu estado de dormência, decidi não me fechar mais e expor-me ao que a vida dá de bom mas também de mau, fervi o meu corpo, entreguei-me às poucas coisas que sempre foram verdadeiras, e deste modo, pretendo compensar aquilo que se desvaneceu em confronto com a realidade.

Hoje, outro sangue me corre nas veias, os problemas alheios deixaram de me ferir o corpo e sinto-me de novo inteira por dentro. No meu interior apenas moram os sentimentos reais, os momentos sentidos, as recordações marcantes e as pessoas certas.

Obrigado a quem se preocupou e esteve sempre do meu lado, especialmente tu, meu amor

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