talvez um dia (...)

Eu gostava de agarrar em ti e abrir-te ao meio para ver do que realmente és feito, gostava de ter as coordenadas dos teus pensamentos e perceber o que vagueia nessa cabeça sempre que olhas para mim de uma forma tão vaga, mas ao mesmo tempo, tão distinta e intimidante.

Não sei porquê, mas já há algum tempo, que o facto de apenas passares por mim, não me tem alimentado as saudades que se depositam e se vão amontoando sempre que os meus olhos não te alcançam.
Eu preciso de te ter perto, bem perto de mim.. para que o meu sangue aqueça, para que o meu coração palpite cada vez mais, para que a minha respiração se torne escassa, para que o meu sorriso se torne incontrolável, para que os nervos se espalhem dos pés à cabeça, para que o meu relógio pare. 
Aproxima-te ainda mais, para eu tentar explicar-te coisas que não têm explicação, para me perder nas minhas palavras, para perder o sentido e encontrá-lo no fundo desse coração gelado, que por vezes se derrete e me abre as portas. Tenho necessidade de te prometer tudo e mais alguma coisa, tenho necessidade de te dar aquilo que tu precisas e que eu preciso... aquilo que ambos criamos, a nossa obra de arte ao qual nunca demos uso. O nosso pequeno sentimento que acabou por se decompor à medida que o tempo nos escorria pelas mãos.
Ainda não me esqueci do que me prometes-te. Quando menos esperares sento-me nas escadas da tua casa e digo-te para vires ter comigo. Talvez aí, me queiras dar a conhecer o ser incrível que eu bem sei que és.