Passo pela tua rua e sinto a minha alma desfeita, a descoser-se como um velho trapo que não
tem maneira de resistir ao vento quando este o embala violentamente. É como se aquela rua ainda pedisse algo de mim, como se tu continuasses a pedir a minha alma como conforto. Deixo naquela rua sempre um bocadinho de mim e de ti, porque o que sou também se deve aos gestos e palavras que me cravaste no corpo. Não tenho marcas de fraqueza expostas a todos os olhos comprometedores, mas tenho cicatrizes internas que doem como só eu sei. A minha alma desfaz-se e deixa-se levar pelas recordações, torna-se melancólica e desesperada, e eu tento resistir. Neste momento, devo te ter proporcionado um grande sorriso cheio de sabedoria, pois tu sabes que gosto de lutar contra as forças contrárias mas também sabes que acabo sempre por perder nessa batalha. Tenho que te confessar que perco e perco vezes sem conta e que acabo por interiorizar na minha cabeça, repleta de teimosia, que nem tudo pode ser fácil e que nem sempre consigo encarar circunstâncias inesperadas como se o meu coração fosse de ferro. Este coração tem-me sido infiel, não cumpre as ordens que lhe dou, não se faz resistente como eu tanto gosto de o ter… está frágil, desconjuntado, ferido… e és tu, és tu que lhe fazes cortes profundos sem ele esperar, és tu que o deixas afogar-se no “amar” no “não esquecer” no “querer”, porque eu continuo a amar a pessoa que eras, e que com certeza és, continuo a lembrar-me de ti todos os dias e todas as noites e continuo a querer-te de volta. Sou insatisfeita por natureza mas quase que posso jurar que voltar a ter-te aqui comigo, em casa, me iria encher de satisfação. Estás adormecida nas minhas mãos, nos meus olhos, na minha voz, no meu coração, na minha alma… apenas quero que despertes , que voltes. Dizer que tenho saudades tuas, iria ser, sem duvida, um eufemismo.
profundo de sentimento! adoro.
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