
Nunca na sua vida tinha sentido algo assim. Ela era como uma almofada de ar fresco surgida após um sufoco que ele achara inconsolável até à data. Ficara com a impressão que tudo lhe tinha caído em cima mesmo ontem, como uma bomba relógio prestes a rebentar nas suas mãos. Parecia-lhe que mesmo à umas horas as suas mãos tremiam com o peso de tal problema dividido entre as duas palmas e os pequenos dedos; que o tempo tinha chegado ao fim e que o seu corpo se debatia contra o calor envolvente que lhe aquecia a alma e o transformava em cinzas. Tornando-o inexistente.
Mas agora, ali estava a rapariga no metro, esperando que ele entrasse pela porta, acompanhado da sua maneira de ser desajeitada e descuidada. E ali estava ele, em frente à linha, à espera que o metro chegasse, para a encontrar no mesmo lugar de sempre, com um olhar consolado e aliviado quando a sua imagem se comprometia a entrar no seu campo de visão.
E eram todas aquelas conversas, todos os olhares e todos os gestos que fizeram com que ele entendesse que afinal existia, que tinha sobrevivido às magoas do passado e que era mais forte que tudo.
Ele via nela uma alternativa para fugir do seu mundo e encontrar outro completamente diferente no seu olhar ... Aquele mundo durava breves minutos pela manhã, minutos esses que passavam a correr mas que o satisfaziam durante todo o dia. Os olhos da rapariga ficavam gravados nos seus , as suas mãos sentiam a textura dos seus cabelos durante 24horas e nas suas roupas o seu cheiro residia durante o resto do dia e pela noite dentro. E quando os sonhos roubavam a memória ao rapaz, lá estava a rapariga do metro todas as manhãs para o fazer relembrar de tudo outra vez. Do grandioso presente, mil vezes melhor que o passado.

"Viver o presente, é uma dadiva por isso é que se chama presente"
a ultima frase, depois da imagem, LINDA!
ResponderEliminarfico sem palavras para os teus textos raquel, escreves tudo o que te vem, és maravilhosa :)
ResponderEliminarBeijinhos, sou completamente fã do teu blog!